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O sistema de tratamento de esgoto e saneamento de BC, suas nuanças ruins e projeções necessárias

Atualizado: 4 de nov. de 2024

Neste texto, retirado integralmente do bom programa de governo do então candidato a prefeito Lucas Gotardo (Novo) - e todos os programas os li integralmente - se minudencia os escaninhos de um sistema inicialmente modelar e depois desastroso por falta de medidas simples de manutenção devida. Certeza absoluta, pela qualidade do material mostrado no plano de Gotardo, ter digital clara do excepcional técnico Ney Clivatti, engenheiro responsável direto pela implantação da nova ETE, quando diretor-geral da Emasa, no governo Piriquito. E digo isso com a convicção firme e generosa, pessoal e profissional: eu estava lá, na Emasa e durante todo o processo de implantação da nova ETE, na qualidade de assessor de comunicação da empresa, onde fiquei por longos e frutíferos seis anos. Semanalmente, Ney Clivatti ia lá e eu o acompanhava. Testemunha ocular, não por ouvir dizer.


Mostrá-lo para leitura atenta e avaliação das realidades considero uma obrigação para com a cidade que me adotou. Acho que deveria servir de catecismo para medidas futuras a respeito:

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As cidades brasileiras são responsáveis pela construção e manutenção de vias públicas, oferta de serviços essenciais, como saneamento básico e iluminação pública, e pela promoção de políticas que incentivem o crescimento econômico e a melhoria da qualidade de vida da população local.  


Ainda, os municípios podem buscar parcerias com os governos estadual e federal, assim como com a iniciativa privada, para viabilizar investimentos em infraestrutura que atendam às necessidades da população.  


O saneamento é realizado pela autarquia municipal EMASA, Empresa Municipal de Águas e Saneamento, que tem a obrigação legal de cuidar dos seguintes itens:  


1. Água tratada, em todas suas etapas, desde o recalque de água bruta até a entrega final no medidor das residências  

2. Lixo  

3. Água pluvial, que está sendo executada pela Secretaria de Obras  

4. Tratamento de esgoto. 


Disponibilidade Hídrica: O rio Camboriú é atualmente a única fonte de captação de água para os dois municípios, Balneário Camboriú e Camboriú, sua disponibilidade hídrica está sendo comprometida dia a dia devido ao grande crescimento vegetativo das duas cidades. 

É urgente que se tome medidas para solucionar esse problema, essas medidas podem ser de curto, médio e longo prazo, dentre elas:  


● Diminuir a perda física de água tratada nas redes.  

Temos dois tipos de perdas no sistema, a perda de faturamento (água consumida e não cobrada) e a perda real, de desperdício por causa de vazamentos, falhas de operação, limpezas de filtros e descargas.  Se avalia que no Brasil essas perdas sejam em torno de 38,00% de toda água tratada. Se conseguirmos diminuir essas perdas físicas estaremos aumentando a quantidade real distribuída. O objetivo é trabalhar para termos o equivalente às melhores cidades do país que tem uma perda em torno de 20,00%, com isso teremos um aumento imediato da disponibilidade hídrica.  


● Aumentar a reservação, seja individual ou da própria empresa.  

A lógica é que quanto maior a reservação, menos suscetível a secas ou vazão diminuída o sistema estará. Isso pode ser feito por meio de investimentos da autarquia e por meio de decreto municipal, aumentando a reserva de água tratada nos condomínios e residências.

 

● Captação de água bruta do Rio Itajaí Mirim.  

Esse projeto é uma tubulação de 700 mm que seria colocada nas margens da BR 101 até a Estação de Tratamento de Água no bairro dos Estados. Essa solução exige um alto investimento, com custos elevados de manutenção e se faz necessário análise apurada da disponibilidade hídrica do Rio onde será captado. Temos que considerar também que esta rede estará sem uso praticamente 10 meses durante o ano, mas ainda onerando os cofres da autarquia.  


● Mini Barragens ao longo da bacia do Rio Camboriú.  

A exemplo do projeto Produtor de Águas essas barragens seriam feitas em parceria com os proprietários ao longo da bacia de captação. Essas barragens agiriam como um reservatório, não apenas no local da barragem, mas também como reservação no subsolo com aumento do lençol freático.  

● Criação do Parque das Águas na cidade de Camboriú, que será um reservatório de acúmulo e retenção de águas, possibilitando a solução da disponibilidade hídrica, o turismo e a contenção de cheias.  

● Reuso da água da estação de tratamento de esgoto. Essa possibilidade existe, desde que a ETE funcione com a eficiência que foi projetada. Em resumo seria o bombeamento do efluente para uma cota bem acima da captação de água bruta, para que a diluição ocorra e que cumpra as metas das resoluções ambientais. 


Esgoto:  


A rede de coleta de esgoto tem uma abrangência de praticamente 100% no perímetro urbano da cidade, mas temos problemas que precisam ser encarados com realidade. A cidade cresceu, e não houve expansão no mesmo grau da rede de coleta e transporte. Os problemas a serem estudados e solucionados são:  


● Estudar vazões de todos os trechos da rede para avaliar sua capacidade real, e fazer as interferências necessárias. 

● Identificar todos os extravasores de poços de visita, elevatórias e de redes subdimensionadas.  

● Identificar todas as interferências da rede de esgoto nas galerias de água pluvial  

● Realizar limpezas anuais das redes, de montante para jusante, re rando areia, lixo e principalmente gordura das tubulações, essa ação é uma preparação para a temporada de verão. As tubulações devem estar limpas e fluidas.  

● Manutenção preventiva e preditiva de todas as bombas que recalcam esgoto ao longo da rede. Para evitar problemas de extravasamento durante o período mais frequentado. Estação de Tratamento de Esgoto A ETE do Bairro Nova Esperança que funciona com lodo ativado com aeração prolongada depende de manutenção constante, de cuidados preventivos e preditivos para que sua capacidade de tratamento seja alcançada. Ela possibilita mudanças de vazão, ou seja, quando a temporada de verão começa, ela possibilita que em poucos dias sua capacidade de tratamento seja normalizada. Há uma queda logo no início da temporada, mas com o aumento da vazão e da carga orgânica, o lodo ativado também aumenta, possibilitando que sua eficiência seja mantida. O mesmo ocorre quando há uma diminuição das vazões e da carga orgânica, o lodo em excesso será descartado, voltando a sua capacidade de tratamento. Os problemas atuais com a ETE:  

● A falta de manutenção fez com que as cadeias difusoras fossem prejudicadas, seja por quebra das conexões ou rompimento de mangueiras, isso leva a vários problemas em cadeia.  


1. Os sopradores trabalham em excesso para manter o nível de oxigênio dissolvido na massa de esgoto, causando perdas econômicas e de eficiência.  

2. No tanque de aeração existirão zonas com excesso de oxigênio e zonas com falta de oxigênio.  

3. Haverá decantação de areia e da massa do lodo ativado no fundo do tanque, logo comprometendo a altura líquida necessária para o bom funcionamento das cadeias e do sistema como um todo. Isso tudo resultará em perda da eficiência, e pode causar a perda total da ETE, como de fato ocorreu.


O importante é que tal fato não mais ocorra, para isso nós entendemos que as ações devam ser as seguintes:  


1. Contratar empresa especializada em operação e manutenção de estações de tratamento de esgoto, para que ela possa gerenciar, operar, manter, fazer as preventivas e preditivas de modo que não exista a possibilidade de novamente poluirmos o Rio Camboriú com milhões de litros de esgoto todo dia.  

2. Cobrar a eficiência no tratamento, com dados de entrada e saída de esgoto.  

3. Cobrar a manutenção da ETE de modo que possamos mostrar e exibir um modelo de tratamento para todos. 

4. Dentro deste escopo é necessário o descarte do lodo de maneira correta. Sabemos que o tratamento de lodo corresponde a 40,00% dos custos de operação de uma ETE. Atualmente a EMASA está colocando em “bags”, o que não é solução, já que estes deverão sofrer descarte no futuro. A outra solução usada pela EMASA ao longo dos anos foi bombear o lodo em excesso para a lagoa de polimento número 01, o que também não é solução, já que estamos aumentando o passivo ambiental de maneira exponencial.  

5. Retirar toda interferência política de dentro da ETE, e usar os funcionários públicos para medição, controle e monitoramento dos dados.  


● Passivo ambiental na ETE  

A cidade tem hoje depositado na antiga lagoa anaeróbica e nas lagoas de polimento algo como 350 mil metros de lodo que foram depositados desde a antiga CASAN, este lodo é parte do descarte da antiga estação anaeróbia e da atual estação aerada. Como não tínhamos um sistema eficiente de deságue de lodo, este foi sendo bombeado para onde era mais fácil, o que causou acúmulo de lodo em todas as lagoas. Esse montante de 350 mil metros cúbicos deverá ser motivo de estudo apurado para que seja feito um processo de bombeamento, deságue e descarte do lodo e limpeza das lagoas. 


● Passivo ambiental nos rios, canais, gamboas e Rio Marambaia. 

Rio Camboriú  

O saneamento do Rio Camboriú deverá ser feito de jusante para montante, sendo como primeiro ponto de ataque a ETE, que tem que funcionar de maneira correta, buscando a eficiência máxima que ela permite. Ela já trabalhou com índices de 97,50% na retirada de DBO, esse é o número a ser buscado. Juntamente com isso a EMASA deverá buscar soluções para que ocorra a ligação de todos os domicílios na rede coletora. Como o nosso sistema é de separação absoluta, ou seja, esgoto cloacal em uma rede, e água pluvial em outra, é importante que se busque essa solução. Como nossa cidade tinha como tratamento de esgoto fossas e filtros, e posteriormente essa massa líquida era despejada nas galerias de água pluvial, temos ainda muitas casas com sistemas ligados a esse sistema pluvial. Apenas com a separação total das redes pluviais e cloacais e com a eliminação de todos os extravasores conseguiremos melhorar os níveis de saneamentos nos nossos córregos e gamboas. 


Rio Marambaia  

Esse é um rio totalmente urbano desde suas nascentes, logo seus problemas são os mesmos de uma cidade totalmente ocupada, esses são:  


● Poluição difusa  

Essa é aquela poluição causada pela ação da cidade com suas árvores, pessoas, animais e toda atividade humana, cada pedaço de matéria orgânica, sejam folhas, fezes, urina, ou mesmo água parada causa uma poluição, que com as chuvas serão carreadas para as galerias de água pluvial e para a praia central na sua parte norte. A solução para isso é mais limpeza urbana, mais conscientização da população, limpeza das tubulações e bocas de lobo, isso é necessário para evitar a anaerobiose da água depositada dentro desses elementos.  


● Extravasores da rede de esgoto  

A rede coletora de esgoto ainda é do tempo do governo Harold Schultz, com mais de 35 anos, temos locais com subdimensionamento das redes, locais onde os poços de visita estão comprometidos e emissários estrangulados. Quando essa rede subdimensionada não comporta mais a vazão de entrada ela extravasa para as galerias de água pluvial, que no final de sua linha irá para o mar. As elevatórias também tem extravasores, que desaguam diretamente no Marambaia, é importante que seja feito estudo de redimensionamento dessas elevatórias, recentemente esse problema foi escancarado, houve a necessidade de aliviar a elevatória da barra norte com uma rede auxiliar. A EMASA tem que voltar a ter a capacidade de investir em estudos e na sequência em obras que resolvam o problema desses extravasores, sem uma solução completa disso o Marambaia continuará poluído.  


● Lençol freático  

O próprio lençol freático tem poluição acumulada ao longo de décadas, isso apenas o tempo resolverá, e que depende da permeabilidade do solo na bacia do Marambaia, o processo é lento, mas possível, desde que se evite colocar mais matéria orgânica nele. 


 ● Redes de coleta de água pluvial  

Assim como a rede de esgoto extravasa para as galerias de água pluvial, o oposto ocorre, as tubulações de pluviais podem extravasar para as redes cloacais. O sistema da cidade é de separação universal, cloacal sendo encaminhado para a ETE e pluvial para o Rio Marambaia, como já temos 35 anos de rede de esgoto e ainda estamos com os dois problemas, e não conseguimos a separação universal, a solução pretendida é de quando houver uma interferência nos pavimentos das ruas executar uma nova rede pluvial Outro programa que deve ser implantado é a divisão da bacia do Marambaia em pedaços menores, e acompanhar a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) nesses locais. A existência de DBO mostrará que existe a interferência de esgoto nessas redes. 

Dessa maneira se poderá localizar os pontos onde ainda existe esgoto sendo lançado nas redes pluviais e isolar os dois sistemas definitivamente.  


● Rio das Ostras, Rio Pedro Pinto, braços das gamboas, Rio Peroba


Esses pequenos rios com pequena vazão deverão sofrer a mesma metodologia do Rio Marambaia ou seja:

 

1. Separar o projeto em microbacias  

2. Verificar as bocas de lobo com sua DBO  

3. Implantar o plano de ligação obrigatória na rede de esgoto  

4. Verificação constante dos valores de DBO na foz de cada um para controlar o desenvolvimento do projeto  


Obs: Como exemplo podemos citar a gamboa da Rua Angelina no Bairro Iate Clube que tem suas águas com oxigênio dissolvido igual a zero, i.é, não existe nenhuma forma de vida nessas águas. E que tem DBO igual ao de entrada da ETE do Nova Esperança. Isso indica claramente que a rede cloacal entregue em 2011 ainda não produz todos os efeitos esperados. Que ainda existe efluente cloacal nas redes pluviais. 


ESCLARECIMENTO NECESSÁRIO: A imagem ilustrativa é de uma realidade que já não existe. Situações iguais se repetiam por mais de 40 trechos da Praia Central, até o governo de Piriquito. A canalização pluvial do seu governo encerrou este fenômeno negativo.

 

 
 
 

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