As incongruências críticas de Victor Hugo Silva Forte

Victor Hugo Silva Forte é um bom vereador. O eleitor, entre uma eleição e outra, o reconheceu assim: partiu de 1.119 votos em 2020 para 2.888 votos na eleição de 2024. É a melhor demonstração de bom desempenho político-eleitoral.

Sua marca é o sorriso aberto, o contato fácil, a participação permanente em bairros. São suas virtudes. Mas mesmo nele, com todos os atributos - incluindo o de nossa amizade - há senões. No governo de Fabrício, ele caprichou em apoio. Ao contrário, agora capricha em oposição e aí moram suas contradições.

No governo passado, diz ele, indicou mais de 1.500 vezes por melhorias na cidade. É estatística, e portanto indesmentível. Porém, vamos lá: agora ele vai às ruas e publica em suas mídias sociais buracos de calçada e medidas tidas pra ele como defeituosas ou problemáticas. Fez isso logo após a posse de Juliana Pavan, tentando atribuir méritos a Fabrício na obra da Martin Luther. E aí errou feio por excesso de preciosismo em favor do seu amigo ex-prefeito: durante oito anos de mandato, só no final do último ano do derradeiro mandato, Fabrício tentou dar alguma conotação de interesse pelo obra. Resolveu desapropriações - não todas - e achou ser o dono da iniciativa. Em menos de seis meses, Juliana meteu o braço e concluiu trecho agora existente. Ou seja: Fabrício comeu mosca valendo. E Victor entrou nessa e disse palavras vazias, porque irreais.

E sobre o novo trecho da Martin Luther, ele criticou o desvio feito a partir da Avenida do Estado por dentro do Bairro Ariribá, causando, segundo ele, transtornos viários e desassossego na população. Bem, qualquer obra nova ou mudança causa reboliços e discordâncias ou concordâncias. É do jogo. É comum dizer-se da impossibilidade de fazer omelete sem quebrar ovos. É simplório, porém significativo o simbolismo. Concordo com ele num ponto: poder-se executar a obra e deixar o trânsito como estava, sendo facultativo circular por lá ou não. Não causaria nenhum trauma e nem discussão. Discordâncias até poderia ocorrer, mas não tantas.

Finalmente, e recentemente, Victor andou mostrando calçadas - ou passeios públicos - em estado ruim. Lá no passado evitava isso e então me disse ter pugnado em indicações ao Executivo, sei lá quantas expediu - mas afirmou serem mais de 1.500. Indicação é fato burocrático-institucional, fala pública é fato político. Por desencargo de consciência, pedi pra ele me mostrar, dentre as mais de 1.500 indicações que afirma ter feito, em quais delas ou a quantas delas deu repercussão em debate público ou critica pública. Pedi-lhe a amostragem de dez no governo passado. E mudo: mostre uma e já me dou por satisfeito.

(E cá pra nós, só pra registro: calçadas em estado ruim, em Balneário Camboriú, é uma marca registrada de todas as administrações desde tempos imemoriais. Acrescentando-se serem obrigações dos proprietários, cabendo à prefeitura a fiscalização a aplicação da lei forçando aos proprietários fazer boas calçadas ao redor ou em frente às suas propriedades. Não funciona e aduz-se a invasão desmedida de calçadas por todo tipo de traquitana privada e pública, como lixeiras e placas de sinalização de trânsito. No Calçadão da Central é um vexame)

A questão é sempre um vereador achar que seu mandato se resume em ser oposição ou situação e criticar ou elogiar o governo. Não é assim. Vereador é representante da sociedade, do povo, de todos - e não apenas dos seus eleitores, do seu partido, dos seus líderes ou de si mesmo. E deve falar por ele - o povo todo, estando na bancada de apoio ou de combate ao Executivo.

Ademais e por fim, gostaria de tê-lo ouvido - na gestão anterior - sobre as mazelas notórias e inquestionáveis de Fabrício em relação à Emasa e o tratamento de esgoto da cidade. Não falou e nem assinou o requerimento da CPI formada. E votou sempre contra suas decisões.

E não o ouvi discutir a omissão na área da educação, sem criação de novas escolas ou de novas salas de aula e, pior: nem uma vaga a mais no ensino público.

Victor Hugo Silva Forte, sou seu amigo, mas a política é um caminho em que discordamos. Respeitosamente sempre.

DETALHE FINAL: avisei antecipada e pessoalmente ao vereador sobre esta crítica e adiantei-lhe, inclusive, sobre o tema, com pormenores. Em nome da lealdade profissional.