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A alvorada militar e meus arrependimentos...

Ao despertar sob o toque da alvorada executado pelo corneteiro do 14º Batalhão de Caçadores de Florianópolis, costumávamos colocar letra no toque: 

"Alvorada diz o clarim, a luz amada brilhando enfim..."

Cantada com ênfase ao levantar-nos dos beliches, buscando animação para mais um dia de tarefas e exercícios.

Depois de ajeitar os beliches e o sargento de dia conferir um a um, pra ver se os lençóis estavam assentados adequadamente e as mantas verdes dobradas e colocadas com esmero e simetricamente ao pé do leito.

Depois, a obrigação do banho. Frio. Inverno ou verão. Dávamos uns pulos antes, agitávamos os braços - quando inverno - para aquecer o corpo e a água não descer tão agressiva na sua temperatura gelada. Enquanto a água caía, nos agitávamos e urrávamos feito doidos. Parecia ser isso um lenitivo para o choque térmico.  

Finalmente o banho tomado, lá íamos para o café. Formação e marcha, companhia por companhia até o rancho. 

O café vinha em canecos de metal que cada um possuía, iguaizinhos, e os pães eram bastante massudos. Diziam, até, que na separação das farinhas e da massa era assim: a primeira peneirada ia para os pães dos oficiais, a segunda para os pães dos sargentos e  a sobra (o chamado carolo) ia para os pães da soldadesca. Parecia mesmo, mas naquele momento parecia o manjar dos deuses, tal a fome terrível que aqueles guris de farda sentiam.

Com todas as vicissitudes, foi maravilhoso servir. Enquanto lá, angustiante, pela vontade de liberdade física. Porque a disciplina e os regulamentos impediam solturas reais ou imaginárias. Ao fim do serviço militar, pareceu liberdade. Mais tarde - até hoje ainda, 61 anos depois - viria o arrependimento de não ter engajado e prosseguido na carreira. Sou arrependido sim. Até porque o engajamento me foi oferecido várias vezes por oficiais da 1ª Companhia de Fuzileiros, tal meu bom comportamento e dedicação. Um dos oficiais era Carlos Augusto Caminha, então capitão e mais tarde secretário da Educação de SC no governo Colombo Salles e, finalmente, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. 

Digam o que quiserem, pensam seja o que for, mas servir ao Exército me deu honras e orgulhos imensos. Naqueles tempos, claro. Tudo era diferente. Hoje, não sei. 

Saí graduado como cabo, apto à promoção como terceiro sargento em caso de convocação (durante cinco anos iniciais após a baixa). 

O comandante do Batalhão era o coronel Argens do Monte LIma. O subcomandante era Ben-Hur de Castro Romariz. Lembro-lhes até hoje. Nisso a memória não falha.

Saudades.


... - Veja mais em https://www.4oito.com.br/blog/aderbal-machado (publicação original)

 
 
 

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© 2020 | Aderbal Machado

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