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  • Foto do escritorAderbal Machado

Dos jornalistas veteranos, um brado por um novo envelhecer e um lugar no mercado de trabalho

Homenageado pela Associação Catarinense de Imprensa por seus 50 anos de atividade, o jornalista Mário Medaglia, de Florianópolis, além de demonstrar sua gratidão pela homenagem, lançou um brado com uma carga emocional e profunda verdade sobre os velhos profissionais. Disse ele: "O mundo tem despertado cada vez mais para a ECONOMIA PRATEADA, para a LONGEVIDADE, para o NOVO ENVELHECER, os NOVOS IDOSOS ou, para falar de forma mais sutil: os NOVOS MADUROS. Nas últimas três décadas, conquistamos pelo menos mais 10 anos na expectativa de vida ao nascer. A cada novo ano, diminui o número de nascimentos e aumenta o número de pessoas que chegam à chamada terceira idade, assim como é cada vez maior o percentual daqueles que alcançam os 100 anos de vida.


Essa verdadeira transformação tem influenciado mudanças importantes na forma de ver e conviver com os mais velhos. Os mercados de consumo e do trabalho vêm se adaptando cada vez mais para atender esses idosos, ao mesmo tempo que a sociedade vem mudando hábitos para reconhecer o valor da maturidade, para respeitar e integrar aqueles que já passaram dos 60, 70, 80 anos ou mais.


Diante desse cenário mundial, algumas perguntas são absolutamente inevitáveis neste dia de homenagem pelos nossos 50 anos de profissão: Como o jornalismo vem tratando os seus experientes profissionais? Como a longevidade dos jornalistas vem sendo planejada por suas representatividades, por seus empregadores e pelo próprio mercado da notícia? Mais ainda: será que não está na hora de colocar esse assunto nas nossas pautas como categoria?


As novas redações – ou o que restou delas – estão repletas de jovens recém-saídos da faculdade, e isso é muito bom, pois nós sabemos – ou lembramos – o quanto é importante a renovação da juventude. Mas será que não falta a experiência dos cabelos brancos para ajudar essa turma? Será que realmente o velho jornalismo não faz falta ou não pode ser ensinado, naquilo que tem de melhor e de maior valor? Será que a chegada da idade não reserva espaço algum aos jornalistas – mesmo em plena capacidade de produção? Por fim: o que é preciso fazer para levar o conhecimento – que não envelhece – até o novo jornalismo, tão carente e questionável?


É claro que nós não temos essas respostas, mas penso que é chegada a hora de provocar esse debate, sob pena de deixar passar a experiência e a própria história do nosso jornalismo. Isso não é saudosismo nem tampouco a crença de que antigamente as coisas eram melhores. É uma reflexão essencial, que será cada vez mais necessária, envolvendo um número maior de jornalistas com o passar do tempo.


Ao completar 78 anos, dias atrás, deparei-me novamente com essas inquietações, que hoje atrevo-me a trazer aqui, como um desabafo deste velho escriba, que orgulhosamente aceita essa homenagem, ao lado de brilhantes colegas que também completam o cinquentenário profissional. Tenham certeza de que o prateado dos nossos cabelos abriga mais que as nossas cabeças: demonstram que conhecimento, experiência, maturidade e trajetória de vida têm valor."


O dito por Medaglia traduz uma situação cruelmente real: os velhos jornalistas são renegados, independente de suas competências, conhecimentos ou experiências vividas.


Por mim, uma ressalva: fui contratado agora mesmo para ser integrante da equipe da Rádio Câmara de Balneário Camboriú. A contratação foi via produtora contratada pelo legislativo, a Rockset Produções. Foi coisa rápida. Rito normal: carteira de trabalho, exame médico de admissão, definição de salário, registro e pronto. Em NENHUM MOMENTO, vistos os dados pessoais, se falou em IDADE. Pois como Medaglia, vivo a flor dos meus 78 anos.

Mas a gente sabe que, regra geral (com essas exceções que nos honram e dignificam, como a da Rockset), as redações e produções jornalísticas das empresas privadas simplesmente desprezam os profissionais mais velhos.


O principal, no meu caso, foi chegar pelo que sou e ter a oportunidade de melhorar, ampliar e obter conhecimentos tecnológicos sobre o novo radialismo - a lida com equipamentos modernos, que o povo mais antigo não domina bem. Até por falta de contato. Então é assim: voltei pra fazer o que sei fazer melhor e para aprender novidades. Assim, amplio minhas convicções e capacidades. Pena que essa oportunidades pouco existem no mercado de trabalho.


Assim, pedi permissão ao Mário Medaglia para reproduzir sua manifestação, com o afã de expandir uma tese.


Aqui está.

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